terça-feira, 1 de junho de 2010

A Subida

Disse-nos o Senhor:
-Quem quiser encontrar-me Tome a sua cruz e siga-me onde eu for...
E um homem que o seguiu, sem queixa e sem alarme observou que o lenho o constrangia...
Caminhou, mas não mais na antiga estrada, a cruz era pesada na marcha, dia-a-dia...
Perdeu de vista a risonha paisagem, na qual usufruíra o amor de sua gente...
Precisava escalar rude montanha na viagem e se reconhecia, a sós, agarrando-se à frente.
Embora a cruz lhe desse chagas e cicatrizes, conseguiu falar, fraternalmente, reconfortando, os tristes e infelizes...
Levantava os caídos, doava nova força aos fracos e aos doentes.
Consolava os leprosos esquecidos, regenerava os delinqüentes...
Em muitos trechos da subida, tratavam-no por louco e davam-lhe pedradas...
Deprimiam-lhe a vida...
Quanto insulto e suplício nas estradas!...
No entanto, ele subia... Trazia o Cristo em luz na própria mente.
Não tinha acessos de melancolia e, sim, uma alegria diferente...
Mas chorava, por vezes, de cansaço, a sentir, sob os pés, o vigor dos espinhos.
Refazia-se, vendo o Azul do Imenso Espaço e ouvindo a voz do Céu na voz dos passarinhos...
Alcançando, porém, o cimo da montanha notava-se-lhe os pés rasgados e sangrentos, e o corpo lacerado de atrozes sofrimentos...
Mesmo assim, agradeceu ao Cristo Amado a viagem temível... para atingir o topo de alto nível...
Chegando ali, porém, vê, com assombro e atenção, que a Terra já não tem com ele ou sobre ele o poder de atração...
Sentia-se envolvido em súbita leveza, respirando, feliz, a paz da natureza...
Reconhece que o tronco vertical do grande lenho transformara-se em delicado engenho e que os braços da cruz eram asas de luz...
Tentou andar, mas sem querer, na alegria que o invade, o homem que seguira os passos do Senhor, planou além, no além, buscando a Imensidade Inflamado de amor.
MARIA DOLORES

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